Autor: Marcos Maluly
Ilustração: Autor: Desconhecido
- Estando eu, lá no mato, coberto com limo,
Boca quebrada, entranhas abertas;
Abandonado! Atolado na <merda>....
No passado, já fui jovem, novinho,
Querido, procurado,
cortejado.
Bem cuidado! As vezes, até bolinado.
Uma vez na semana, bem cedinho.
A filha casula. Delas a mais bela!
Diga-se assim de passagem;
Em me se recostava. Só ela!
Estando eu, ainda molhado.
Com cuidado, me pegava em seus abraços.
Com uma bucha de pepino,
Esfregava-me, o buxo, retirando todo limo,
Que a água em me deixava.
Banhado, limpo. Abastecido!
Com água pura e cristalina,
Saciava a sede, daqueles que ela tinha,
Inclusive das novinhas.
- Não durou o meu reinado!..
Um menino atrapalhado;
Correndo desembestado,
Trazia em suas mãos, um serrote
Tropeçado em mim, "o pote". Braa!!
Fechei os olhos, e senti o choque.
Abriu as minhas entranhas
Do fundo até o cangote!
Com o triste acontecido;
Perco minha serventia,
Fui jogado, abandonado,
- Quem diabo que queria,
Um pote, rachado?
E no meio fui cortado!
Plantaram em me, uma roseira,
Mandaram-me pro jardim,
Quando achei que era o fim.
Na verdade é o recomeço.
Me cobriram com adereço,
E outros galhos são plantados;
Era o fim do sofrimento;
O tempo corre, hoje é passado,
E no meio! Bem no meio do jardim,
Sou de novo admirado!..
-Poema do Livro "Palavra é Arte"
-Poema do Livro "Palavra é Arte"


